sábado, 16 de abril de 2011

Conversa

São precisamente sete horas e quinze minutos. Não estava a espera, acredita. De todo que nunca me passaria pela cabeça que me ligasses a estas horas.


Sentei-me na cama. Sabes quando acordas tão rápido que ficas sem entender se é um sonho ou não? É assim que me sinto. Atarantada, confusa e , confesso, um pouco ensonada.



Vesti rápido as primeiras peças que encontrei. (Não precisas de saber que todos os dias pensava na melhor combinação,caso fosse ter contigo.) Uma coisa qualquer, tal e qual como o momento.



Comecei a correr para não me atrasar. (Aposto que não imaginas que vim muito devagar. Tinha medo, queria pensar detalhadamente no nosso diálogo.)



Quando cheguei ouvi-a o coração a bater desalmadamente. De certeza que vir a correr até aqui acelerou o meu ritmo cardíaco. (Se não te olhar nos olhos evito que descubras que o coração não bate muito rápido apenas quando se corre.)



Ainda não consegui dizer uma palavra. A respiração está um pouco ofegante e sinto que as mãos tremem, as pernas tremem. Toda eu tremo. Um situação normal para quem veio a correr o caminho todo.



Escutei tudo o que tinhas para me dizer, acho que ainda consigo reproduzir o discurso. (Sinceramente só me lembro de algumas palavras, de umas frases. Sei que é estranho mas não me recordo, apaguei ou nem consegui assimilar na memória. Lembro-me de cruzar ligeiramente o olhar e lembro-me do perfume, não fosse eu associar um momento a uma fragrância.)



Quando te calaste acho que ficamos uns segundos à espera que algo acontecesse. (Confesso, pelo menos, eu fiquei.)



E quando viramos as costas achei o gesto mais natural de sempre. Quando duas pessoas terminam uma conversa despedem-se e vão-se embora.



(E enquanto ias, eu pensei. abraça-me. Às vezes não precisamos de dizer nada e o silêncio fala por nós. Sinceramente não consigo falar e , também, não são as palavras que me acalmam. Abraça-me bem.)

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