quarta-feira, 16 de julho de 2008

A espera


E parados, quietos, distantes e tão próximos…esperávamos.
Esperávamos que ele chegasse, que solucionasse o problema da aproximação de duas almas tão juntas e separadas.
Não esperávamos, eu esperava e tu também esperavas.
Eu evitava olhar para a tua mala, que para além do monte de roupas, tinha guardado as nossas troca de olhares, de sentidos, de cores, de lábios, de corpo.
Tinha-nos lá dentro guardados.
E dentro de nada ia embora, para longe, longe daqui.
O longe que para mim era tão perto, se não tivesse os pés colados ao chão, se não tivesse a vontade agarrada a impotência de não poder correr.
E ele apareceu.
Era ele a chegar e tu a ires embora.
Nós a irmos embora.
E a minha alma, essa mantinha-se perplexa a ver todo aquele panorama .
Ela jurara que ia ser forte, que ia guardar tudo religiosamente e não se ia pronunciar.
Mas tremia, tremia tanto que nem o teu abraço apertado a fez acalmar.
E tu avançavas, colocavas a mala no lugar indicado.
E eu recuava, recuava no tempo se isso fosse possível.
Mais um abraço, a alma aparentemente forte e calma.
Viramos costas.
Virei costas e tu também.
E andamos em direcções diferentes.
E andei para um lado, tu andaste para outro.
Prometi não olhar para trás.
Dei mais uns passos, enquanto a alma mostrava a sua ausência de força.
A mesma que fez com que eu me virasse para te olhar outra vez.
Mas já não estavas, já tinhas entrado (ou saído).
Ele arrancou.
Arrancou-me, arrancou-me tanto.

2 comentários:

E* disse...

Acho que também lhe deve ter arrancado um pedaço *

Catarina disse...

Arrancam-nos tanto... com isso, colamos melhores pedaços em nós.
Com isso, os pedaços tornam-nos mais fortes... os olhos não querem ver porque o coração dói. Mas temos que saber viver com isso (o tempo cura quase tudo)...

Não quero que te arranquem mais...quero que vivas melhor que nunca porque o teu sorriso vale ouro*

Bebé*