
Meses antes procurava conhecer ruas, a cor do vento, o rio, o perfume da invicta cidade!
E começou…
Começou a pôr parte de si em tudo aquilo que fazia.
E ela a pedir que não lhe tocassem na alma.
Na mesa a camisola poisada. Na estante aglomeravam-se as folhas, os livros, os montes de folhas… talvez amanhã lhes toque.
Corria numa azáfama, desesperando quando o semáforo não ficava verde.
Tremia com o frio das noites em que ficava a falar, andando pela calçada.
Guardava saudades.
E ela cheia de medo que lhe tocassem na alma.
Acumulou palavras, histórias, segredos!
Aproximações, carinhos…o toque nos lábios.
E no dia a seguir as oito e um
Mais sorrisos, maiores, a crescer, a fazerem-no crescer…
E mais copos, muitos mais.
O toque da pele dele a tocar na dela…a esquecer-se do resto, e depois…depois eram noites em frente a um computador!
Dias dedicados a um vício, cada vez maior.
As tarefas, as mãos a arder, o orgulho, as lágrimas incompreendidas pelos que vivem do lado de fora.
E esperava o metro, preservando tantas coisas que gostava que ele soubesse, há tanto nela a transbordar.
Tocaram-lhe no coração.
Era o fazer e desfazer a mala.
Acumulava risadas, trabalhos, olheiras e quantas vezes não adormecia na almofada que transbordava o perfume dele.
E no outro mundo, desapareceu a camisola, desapareceram as caixas, as mágicas caixas, deram lugar a algo mais escuro, dentro do qual só sentia o peso.
A alma, ela só pedia “não me toquem na alma”!
Passavam dias, passava notas, passavam momentos… a incandescer de felicidade.
Apetecia-lhe um chocolate, ele sabia que lhe apetecia sempre cada coisa, até lhe apeteceu ficar com ele, e não só hoje.
E mais letras, palavras, frases, notícias, reportagens e mais, muito mais.
E os exames, os nervos maiores do que a pilha de apontamentos…o anunciar do final!
Agora fechava as caixas que no início tinha aberto…revia fotografias, pessoas.
E a alma, agora, guardava o toque dele, que recebera inconscientemente.
É melhor ir embora o comboio parte daqui a três minutos.
2 comentários:
Ela tocou a minha alma, e continua a tocar, leve e docemente... continua a tocar *
O comboio parte com o regresso marcado porque as ruas desta cidade já conhecem os teus passos. Passos esses que já fazem parte de outros passos que não andam sem todas as suas peças essenciais.
A camisola, o negro, as directas, os chocolates, os sorrisos, o frio das oito e um, os sorrisos do conseguir... o brilho da invicta. O brilho que construimos pela nossa maneira de ver esta cidade e da compreender.
Encontramo-nos no Piolho (ou nas ruas que conhecem os nossos segredos)*
Quero-te tanto bem*
Obrigada*
Bebé
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