Volta

Sabia que ias. Não te via há mais de um mês. Tinha saudades. A imagem nunca se tinha perdido, continuava todos os dias na minha cabeça, mesmo que nem uma palavra trocássemos.

E quando te vi, estremeci. Beijei-te a face, e passei de leve a mão a acariciar o rosto. Não consegui olhar nos olhos. Verde musgo. Os meus olhos verde musgo.

Falava, mas nunca olhava. Tinha medo, tinha saudade misturada com tristeza. Continuei a falar como se de nada se tratasse. O interior dizia "olha". O exterior coordenava os movimentos em sentido contrário. Quem me dera ser capaz de os contradizer. Faltava-me coragem.

Contrariei.

Olhei. Tremi. Eram eles, os meus olhos verde musgo. Eram eles o baú, os segredos, as lágrimas. Verde musgo. Há tantas história que só pode ser pintada a verde musgo.
Queria aproximar, queria tocar, queria abraçar. Faltava-me coragem.

E continuei assim o resto da noite, entre o tremer e o ganhar coragem. E sempre que olhava. Sempre que olhava.

Volta. Volta, por favor.